terça-feira, 17 de junho de 2008

O que parece?

É incrível perceber como uma música qualquer consegue remeter-nos a uma memória qualquer. Andei, corri, voei em sonhos nauseabundos antes de encontrar sanidade naquela melodia torta que saía do rádio. Demorei a entender que não era o caso de eu ter voltado a mim mesmo por todo aquele ruído rude que me vinha aos ouvidos, mas essa abrupta "dor", tão profundamente e aguçadamente aumentada por aquela combinação de mau gosto de notas e timbres que me fez parar. "Que merda é essa?" Não adianta disfarçar algo que no momento estava explícito mesmo em meus gestos e tremores, pois não há graça no ser humano sem suas excentricidades, expectativas frustradas ou irracionalidades atrozes. A luz que só meus olhos vêem, essa maldita luz que não me deixa dormir, não faria sentido para mais ninguém, ainda assim é esta minha loucura que me permite olhar-me no espelho e não desejar ser outro alguém. Ou será que desejo? Secretamente louco, indiscretamente tolo, quem há de duvidar da minha certeza? (Tenho alguma certeza? Como assim "certeza"? Por o que me toma? Quem é?)
Ah! as graças de um demente dirigindo uma ambulância através da estrada de tijolos amarelos! (Que se cuide o mágico de Oz!) Com certeza mais são que qualquer um dos corajosos homens de lata que andam por aí!
E essa maldita melodia monótona, cacofônica, monocórdica martelando incessante em meus ouvidos! "Calem a maldita boca que canta, cortem a maldita mão que toca e degolem esse maldito compositor!" pois, neste salão em que dançam minhas idéias, esse maldito mantra não mais há de tocar!

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